quinta-feira, 17 de março de 2011

Romantismo


     Romantismo foi um movimento artístico, político e filosófico surgido nas últimas décadas do século XVIII na Europa que perdurou por grande parte do século XIX. Caracterizou-se como uma visão de mundo contrária ao racionalismo que marcou o período neoclássico e buscou um nacionalismo que viria a consolidar os estados nacionais na Europa.
     Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o Romantismo toma mais tarde a forma de um movimento e o espírito romântico passa a designar toda uma visão de mundo centrada no indivíduo. Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo. Se o século XVIII foi marcado pela objetividade, pelo Iluminismo e pela razão, o início do século XIX seria marcado pelo lirismo, pela subjetividade, pela emoção e pelo eu.
     O termo romântico refere-se, assim, ao movimento estético ou, em um sentido mais lato, à tendência idealista ou poética de alguém que carece de sentido objetivo.

             Características:
O romantismo seria dividido em 3 gerações:
             1ºgeração — As características centrais do romantismo viriam a ser o lirismo, o subjetivismo, o sonho de um lado, o exagero, a busca pelo exótico e pelo inóspito de outro. Também destacam-se o nacionalismo, presente da colectânea de textos e documentos de caráter fundacional e que remetam para o nascimento de uma nação, fato atribuído à época medieval, a idealização do mundo e da mulher e a depressão por essa mesma idealização não se materializar, assim como a fuga da realidade e o escapismo. A mulher era uma musa, ela era amada e desejada mas não era tocada.
             2ºgeração — Eventualmente também serão notados o pessimismo e um certo gosto pela morte, religiosidade e naturalismo. A mulher era alcançada mas a felicidade não era atingida.
             3ºgeração — Seria a fase de transição para outra corrente literária, o realismo, a qual denuncia os vícios e males da sociedade, mesmo que o faça de forma enfatizada e irónica (vide Eça de Queiróz), com o intuito de pôr a descoberto realidades desconhecidas que revelam fragilidades. A mulher era idealizada e acessível.
                    
                  Romantismo no Brasil
De acordo com o tema principal, os romances no Brasil podem ser classificados como indianistas, urbanos ou históricos e regionalistas.
No romance indianista, o índio era o foco da literatura, pois era considerado uma autêntica expressão da nacionalidade, e era altamente idealizado. Como um símbolo da pureza e da inocência, representava o homem não corrompido pela sociedade, o não capitalista, além de assemelhar-se aos heróis medievais, fortes e éticos. Junto com tudo isso, o indianismo expressava os costumes e a linguagem indígenas, cujo retrato fez de certos romances excelentes documentos históricos.
Os romances urbanos tratam da vida na capital e relatam as particularidades da vida cotidiana da burguesia, cujos membros se identificavam com os personagens. Os romances faziam sempre uma crítica à sociedade através de situações corriqueiras, como o casamento por interesse ou a ascensão social a qualquer preço.
Por fim, o romance regionalista propunha uma construção de texto que valorizasse as diferenças étnicas, linguísticas, sociais e culturais que afastavam o povo brasileiro da Europa, e caracterizava-os como uma nação. Os romances regionalistas criavam um vasto panorama do Brasil, representando a forma de vida e individualidade da população de cada parte do país. A preferência dos autores era por regiões afastadas de centros urbanos, pois estes estavam sempre em contato com a Europa, além de o espaço físico afetar suas condições de vida.
Principais escritores românticos brasileiros:
             Gonçalves Dias
             Álvares de Azevedo
             Castro Alves
             Joaquim Manuel de Macedo
             José de Alencar
             Manuel Antônio de Almeida
             Bernardo Guimarães
             Franklin Távora

Estátua de Castro Alves

O gondoleiro do amor

Teus olhos são negros, negros,
Como as noites sem luar...
São ardentes, são profundos,
Como o negrume do mar;

Sobre o barco dos amores,
Da vida boiando à flor,
Douram teus olhos a fronte
Do Gondoleiro do amor.

Tua voz é cavatina
Dos palácios de Sorrento,
Quando a praia beija a vaga,
Quando a vaga beija o vento.

E como em noites de Itália
Ama um canto o pescador,
Bebe a harmonia em teus cantos
O Gondoleiro do amor.

Teu sorriso é uma aurora
Que o horizonte enrubesceu,
— Rosa aberta com o biquinho
Das aves rubras do céu;

Nas tempestades da vida
Das rajadas no furor,
Foi-se a noite, tem auroras
O Gondoleiro do amor.

Teu seio é vaga dourada
Ao tíbio clarão da lua,
Que, ao murmúrio das volúpias,
Arqueja, palpita nua:

Como é doce, em pensamento,
Do teu colo no languor
Vogar, naufragar, perder-se
O Gondoleiro do amor!?

Teu amor na treva é — um astro,
No silêncio uma canção,
É brisa — nas calmarias,
É abrigo — no tufão;

Por isso eu te amo, querida,
Quer no prazer, quer na dor...
Rosa! Canto! Sombra! Estrela!
Do Gondoleiro do amor.


Castro Alves

Biografia, obras e estilo literário

    No período em que viveu (1847-1871), ainda existia a escravidão no Brasil. O jovem baiano, simpático e gentil, apesar de possuir gosto sofisticado para roupas e de levar uma vida relativamente confortável, foi capaz de compreender as dificuldades dos negros escravizados.   
     Manifestou toda sua sensibilidade escrevendo versos de protesto contra a situação a qual os negros eram submetidos. Este seu estilo contestador o tornou conhecido como o “Poeta dos Escravos”.
     Aos 21 anos de idade, mostrou toda sua coragem ao recitar, durante uma comemoração cívica, o “Navio Negreiro”. A contra gosto, os fazendeiros ouviram-no clamar versos que denunciavam os maus tratos aos quais os negros eram submetidos.   
     Além de poesia de caráter social, este grande escritor também escreveu versos líricos-amorosos, de acordo com o estilo de Vítor Hugo. Pode-se dizer que Castro Alves foi um poeta de transição entre o Romantismo e o Parnasianismo.   
    Este notável escritor morreu ainda jovem, antes mesmo de terminar o curso de Direito que iniciara, pois, vinha sofrendo de tuberculose desde os seus 16 anos.
    Apesar de ter vivido tão pouco, este artista notável deixou livros e poemas significativos.

Poesias de Castro Alves:
- Espumas Flutuantes, 1870


- A Cachoeira de Paulo Afonso, 1876
- Os Escravos, 1883
- Hinos do Equador, em edição de suas Obras Completas (1921)
- Navio Negreiro (1869)

quarta-feira, 16 de março de 2011

Adormecida


Numa noite,eu me lembro...ela dormia
Numa rede encostada molemente...
Quase aberto o roupão...solto o cabelo
Eo pé descalço do tapete rente..


Stava aberta a janela.Um cheiro agreste
Exalavam as silvas da campina...
E ao longe,num pedaço do horizonte,
Via-se a noite plácida e divina


De um jasmineiro os galhos encurvados,
Indiscretos entravam pela sala,
E de leve oscilando ao tom das auras,
Iam na face trêmula-beija-lá.


Era um quadro celeste!...A cada afago
Mesmo em sonhos a moça estremecia...
Quando ela serenava ...a flor beijava-a...
Quando ela ia beijar-lhe...a flor fugia


Dir-se-ia que naquele doce instante
Brinacavam duas cândidas crianças ....
A brisa ,que agitava as folhas verdes,
Fazia-lhe ondear as negras tranças!


E o ramo ora chegava ora afastava-se...
Mas quando a via despeitada a meio,
P’ra não zanga-lá ...sacudia alegre
Uma chuva de petálas no seio...


Eu,fitando esta cena,repetia
Naquela noite lânguida e sentida:
“Ó flor!- tu és a virgem das campinas!
“Virgem !-tu és a florda minha vida...”


Castro Alves

Em Teu Olhar

Recrio-me para que possas aproveitar
Faço de conta que te tenho para feliz ficar
Queria o Sol pra poder te oferecer
Queria as estrelas e depois doá-las a você

Escondi-me detrás das fortalezas
Para poder ficar sana das minhas fraquezas
Queria o luar para poder te dá-lo
Queria o amor, mas não posso alcançá-lo

Sintetizo-me no seu escuro olhar
Para que saibas onde poderei estar
Preciso do Sol para poder te oferecer
Preciso das estrelas para doá-las a você

Propago-me nas suas razões
Camuflo a verdade e as reações
Preciso do luar para poder te dá-lo
Preciso do amor, mas só você pode me ajudar a alcançá-lo
(Autoria do Grupo)